quarta-feira, 23 de abril de 2008


Aí vai uma frase. Um vômito breve, já que esse blog anda mesmo c0m cara de privada.

Mas ainda será limpo.




Quando a vida torna-se tão difícil a morte parece um agradável atrativo



Leandro Henrique Martins Dias ( Thio)

terça-feira, 22 de abril de 2008

PASSAGEIRA



A garoa desceu bendita sobre o limoeiro, escorreu sem pressa por cada folha verde e bege. Encheu os buracos do pasto judiado e a alma desgostosa do roceiro. Depois virou chuva providencial no capoeirão. João de Barro entediado . Tormenta maldita. Precipitação é sempre de cima para baixo.




Felipe Modesto

terça-feira, 15 de abril de 2008

NAUSEA



Acordou no meio da noite esverdeado. Foi até o vaso sanitário e vomitou. Insanidades. Adormeceu de olho roxo.



Felipe Modesto

RAUL, NÃO AQUELE

Enxergava o mundo tão sem graça. Passou a usar colírio. E tirou o óculos escuro.


Felipe Modesto

ANDANTE

O tênis do filho da patroa da mãe. Calça jeans do irmão. Camiseta de grife, furada. Camisa de flanela do pai por cima. Ainda tinha anseios próprios e vontade de ser criança.

Felipe Modesto

segunda-feira, 14 de abril de 2008

DENGOSO



Quando terminou de amarrar a corda, apaixonou-se pela fruta do galho logo acima. Quando já estava no parapeito, apaixonou-se pela neblina que começara a descer. Quando a faca ja degustava o pescoço, apaixonou-se pelo seu reflexo no metal. Frustrado. O amor não suicida. Só quer um pouco de atenção.



Felipe Modesto

SINCERO

Em toda sua vida Francisco prezou pela sinceridade. Na adolescência, terminava namoros pois quando traía, confessava. Quando casou, deixou bem claro para a esposa que detestava o sogro e a cunhada. Mas aí teve dois filhos. Um lindo menino chamado Franco. E a arredia Antítese.


Felipe Modesto

DE FRAQUE


Um fraque imponente
preto como o petróleo
veste o pinguim,
valente, garboso
mas anda como Carlitos
Porém, sem cartola, sem bengala


Ergue o bico para olhar o céu
escapar da vertigem ciscusnpeta
da monotonia antártica
Branco é o gelo, mas paz não é


O pinguim não plana alto
não migra com a andorinha
não sonha como a gaivota
ele nada, apenas nada
Contempla abobalhado a imensidão azul
o reflexo do céu na água
Por segundos pensa ser livre


Dentro do seu fraque chora,
pois tem asa e não voa
tem pena e quer ser peixe

Felipe Modesto

quarta-feira, 2 de abril de 2008

JARDINEIRO NO DESERTO

O que faz sentido além do que pode ser tocado?
Antes ver desenhos em nuvens agora em fumaças de cigarro
Parar para admirar o pranto sentir o cheiro das flores sem campo
sem pasto, no amargo
Na mentira que insiste em te mostrar
que na verdade é impossível se enganar
Aparando com cuidado cirúrgico
cada galho avesso a beleza do nosso querer
sem saber que a natureza faz crescerde novo, e de novo,
os arbustos por nós rejeitados
pois ao calor do sol do meio-dia
ou ao soar a meia-noite o sino
fora o que outrora homem
chega então o amoral destino
Rugindo pelas portas da corte,
fazendo rubros os alvos lençóis
de sangue, pelos olhos, derramado
E agora no fim da jornada
depois de chegar e partir,
sem pressa e sem cavalgada
um homem se vê com uma tesoura na mão
O que resta a fazer é cortar tudo que for erva daninha ou mato vão
aparar as árvores e flores que existem por perto
Mas outra vez ele mira e repara
que é apenas um Jardineiro no Deserto

Felipe Modesto



Texto que dá nome ao blog, que dá explicações sórdidas e vãs sobre a vida. A minha, ou a de qualquer outro que tenha que aparar galhos no deserto